Entrevista Chandler Burr

                                         Olá pessoal.

     Bom. Navegando em busca de novidades sobre o meu vício por perfumes, acabei encontrando uma entrevista maravilhosa com o crítico de perfumes do New York Times, Chandler Burr. Ele é simplesmente uma das maiores personalidades quando se fala no assunto. Chandler é mestrado em Economia Internacional e Política Econômica do Japão e escrevia sobre isso para outros jornais. Ele é um dos únicos críticos de perfumes no mundo a ter uma coluna diária em um jornal.

     Vou colocar aqui algumas perguntinhas e respostas do maior entendedor de perfumes do mundo. Algumas coisas eu já sabia mas outras...Ele deixa bem claro que perfumaria é uma arte e que deve ser encarada como tal. Ainda que pra muitos pode parecer relevante, tais informações deveriam ao menos ser levadas em consideração no momento de comprar um bom perfume ou até mesmo de usá-lo.

     Como eu descubro qual é o perfume certo para mim?

     É aquele que você gosta. Mas você nunca deve comprar um perfume que não tenha usado por ao menos dois dias inteiros. Tem que sentir seu aroma no momento em que você põe, 30 segundos depois, um minuto depois, três minutos depois, dez, uma hora, ou seja, toda a sua evolução. Porque muda, e os ruins somem do corpo. Alguns dos mais belos perfumes do mundo podem simplesmente evaporar, porque são lindos, mas não têm uma boa persistência. Vá à loja, prove e peça uma amostra. Se eles não derem, volte no dia seguinte e teste de novo. Nossa percepção de aromas muda de forma muito mais dramática do que qualquer outro sentido. Varia com a hora do dia, o que a gente comeu e até com nosso humor, eu acredito. E a gente também precisa perguntar aos outros o que eles acharam. E tem que procurar, testar muitos perfumes até encontrar o certo.

     Na sua opinião, é melhor ter vários cheiros ou escolher um só?

     Não é questão de melhor ou pior, isso é absolutamente pessoal. Eu quero ter muitos cheiros.

     E que perfume você usa?

     Bom, todos perguntam isso. Normalmente, estou com até seis perfumes diferentes em locais específicos do corpo porque preciso testá-los.(...) Se eu tivesse que escolher apenas um perfume no mundo, seria o Comme des Garçons 2 feminino, ou o Bigarade para Frederic Malle, de Jean-Claude Ellena. Mas também amo o Pleasures, de Estée Lauder para mulheres. Dirty English, de Juicy Couture, desta vez masculino. Avignon, de Comme des Garçons. Piment Brulant, de L’artisan Parfumeur. E Interdict, de Givenchy.

     A maioria dos seus perfumes favoritos é para mulheres, então?

     Nossa, isso é uma coisa muito importante. (...)Pois então: a divisão de fragrâncias femininas e masculinas é completamente absurda. Trata-se de uma estratégia de marketing criada por americanos para um propósito apenas: dar a homens heterossexuais permissão psicológica e emocional para usar perfumes. Héteros americanos precisam desse tipo de coisa. A divisão é ridícula. Você não separa a arte, dizendo que Mozart é para mulheres e Beethoven para homens, que este quadro é para mulheres e aquele para homens. Um bom perfume é um bom perfume de qualquer forma.

     Mas há um senso comum de que aromas de baunilha atraem homens e amadeirados, mulheres. Faz algum sentido?

     De jeito nenhum, eles atraem qualquer pessoa!(...)Há alguns que são muito doces e com forte base em frutas que nos parecem femininos exclusivamente porque fomos socializados a pensar assim. Só isso. O que importa é a qualidade.

     Quais são os critérios para julgar um bom perfume?

     (...)Há três critérios objetivos e um subjetivo para a avaliação. O primeiro é persistência na pele: quanto um perfume dura antes de ir embora do corpo. Desaparece imediatamente ou dura algumas horas? O segundo é a difusão: o rastro que o perfume deixa. Se você precisa chegar muito perto da pessoa para sentir, não é bom. Se sente de muito longe, também não é, fica invasivo. Mas se você sente de uma boa distância, tipo 1m, é uma difusão muito bem feita. E o terceiro é a estrutura, muito importante: todas as moléculas e notas do perfume devem ficar juntas. (...)

     Quais são os pontos certos para colocar o perfume no corpo?

     Bom, para mim, um lugar muito bom é entre a mão e o pulso [mas ele mostra a parte de cima do braço, e não a de baixo, como costumamos achar], porque é uma parte do corpo que você movimenta muito, usa para pegar um copo, para tocar nas pessoas, etc. Obviamente, na nuca e no peito. Um outro lugar bom é um pequeno spray nas costas. Para mulheres, é interessante colocar no cabelo, que difunde muito bem o perfume se o seu xampu não for muito forte, claro. E também nos ombros, mas sobre sua blusa ou jaqueta, e não diretamente no corpo.

(Fonte: Encontrei esta matéria no Bloge do Estadão.)