Sobre assassino serial de alunos de escola carioca. A tragédia de Realengo nos traz muito em que se pensar. A começar pelo seu autor, que, por falta de tempo, de oportunidade, sanidade ou sabe-se lá o que, não pode descobrir algo que só à pouco me dei conta: que cada uma das coisas ruins que passamos neste mundo é uma oportunidade de nos tornarmos pessoas melhores. Sim, cada ofensa, brincadeira de mal gosto, injúria, calúnia ou piada sem graça sofrida, é um exemplo a não ser imitado, já que sabendo do quanto estes atos nos incomodaram, não devemos inflingir aos outros o mesmo desconforto. É a prática do "amar ao próximo como a si mesmo" e conseqüentemente, "não fazer aos outros o que não queremos que nos façam." O assassino, em seu delírio de grandeza, achava que era vítima impoluta e se auto-denominou defensor dos fracos e oprimidos por "bullying" ou assédio moral. Mas, no momento em que decidiu revidar as agressões sofridas de forma violentamente desproporcional (tirou vidas humanas em troca das ofensas) e injusta (matou pessoas jovens, sem chance de defesa, que não eram os seus supostos agressores), tornou-se muito pior que aqueles que tanto o prejudicaram. Quantos de nós não passam por situações parecidas ou piores e não optamos por reagir tirando a vida dos nossos autores de ofença? Um dos maiores domadores de cavalos do mundo exerce seu ofício com práticas pacíficas, sem bater nos animais como é costumeiramente usual, conforme mostrado em um filme sobre a biografia dele, apesar de ser vitimado pelo próprio pai por assim agir, a ponto de ter vários ossos do corpo quebrados pelas surras de seu genitor. Não teria sido o caminho mais "fácil" se este mesmo homem brutalizado pelo pai tivesse reproduzido toda a violência recebida na infância? Este mundo em que vivemos, injusto e repleto de dificuldades, não é nosso destino final. Mas é um grande "test drive" para que possamos viver em um plano de existência melhor. Somos testados pelas dificuldades e purificados por elas, tal qual as impuresas de metais preciosos, como o ouro e a prata, são separadas por meio do derretimento ocasionado pelo calor da fornalha. Cada agressão é uma chance de exercermos o perdão. Cada doença é uma oportunidade de valorizarmos nossa saúde. Cada perda de um ente querido é momento propício de lembrarmos do quanto é bom estar com outros enquanto vivos estão e de expressarmos por eles nosso amor também em vida. Uma pena que Wellington Menezes de Oliveira, para ele e principalmente para suas vítimas, não se deu conta disso. Poderia ter, se assim o tivesse feito, vivido melhor e deixado que outras vidas florescessem e pudessem descobrir por si mesmas esta verdade, tornando pessoas exemplares, no sentido oposto ao execrável e covarde ato deste rapaz.
Paulo Joubert Alves de Souza
Paulo Joubert Alves de Souza
É muito fácil julgar...
ResponderExcluirSó quem passou sabe o que é. Mas as pessoas são tão perfeitas...É triste ser o único defeituoso. Pessoas morrem todo dia. Viva-se com isso.